parece que vai ser
nós dois até o final...
A: é, eu acho que é muito calmo... quer dizer, eu também acho isso dos álbuns do... do...
S: quer dizer, eu acho que é um álbum conce/ conceptual, entendeu? ele...
A: sim
S: ele tinha realmente o propósito de fazer aquilo mais calmo mesmo, também por... por conta mesmo do... sei lá! acho que... de toda idéia, né? do sou e não-sei-o-quê...
A: sim
S: de ser um só agora... de não fazer parte de um grupo
A: sim
S: então eu acho que ele quis dar mais... ah... prioridade... à... à essa idéia de... de...
A: individualidade
S: sim... sim... e... acho que... assim... como conceito, eu acho que o álbum é feliz... éh... a idéia é interessante
A: uhm-hum... sim... quer dizer, eu acho que tem... tem músicas muito boas... a primeira e a segunda...
S: sim, gosto muito da primeira
A: acho que são músicas bastante fortes... só que eu acho que... éh... são... quer dizer... por exemplo, a primeira... e tem mais uma que... aquilo que conseguem... aquilo que têm de muito bom é precisamente de repetirem alguns dos melhores momentos dos hermanos
S: ahn-hã
A: éh sobretudo do... do ventura
S: sim... eu vou fazer os outros... quer dizer, eu vou fazer um comentário mais... demorado do álbum depois
A: agora eu acho que é isso, eu acho que tem duas ou três músicas que são realmente muito boas, incluindo uma das que é só viola e voz... eu acho que é muito boa
S: uma o quê?
A: uma das que são só viola e voz... eu acho que é muito boa
S: ah... qual? foi aquela do blog? aquela do youtube que eu coloquei?...
A: éh... ou é essa... ou é... mas acho que é essa, sim... há uma que eu rea/ achei realmente... excepcional... se calhar é essa
S: é, eu gosto muito... na verdade, essa que eu coloquei... a do youtube... é a minha preferida, porque ela tem uma melodia meio... éh... de... de... ah... como é que eu digo?... modinha... já ouviste falar nisso?...
A: sim, sim, eu sei o que é...
S: pois é, é uma espécie de... ahm... éh... canção... tradicional... brasileira da... século... eu acho que tem mesmo inspiração portuguesa, não é?
A: êh... tu achas que é portuguesa?... eu não sei...
S: então, eu acho que a modinha tem tem... tem inspiração mesmo portuguesa
A: de onde? do fado?... pois, não sei... eu, assim, de português antigo só conheço aquelas cantigas de amigo e... essas coisas do... da idade média
S: ah... mas eu acho engraçada... engraçada essa música do...
A: do camelo?
S: do camelo... a que eu coloquei no youtube
A: eu também
S: e sobretudo a composição mesmo, porque ele faz algumas brincadeiras... éh... lingüísticas
A: sim
S: que aliás, ele já fazia no...
A: nas músicas
S: nos los hermanos... que eu acho interessante... então ele... ele...
A: sim, eu tou-me a lembrar que ele tem aquela do... hehehe... como é que é? eu sou o teu homem, viu... ehehehe
S: ah-hã... sim, ele gosta de fazer... ele gosta de juntar ele/... quer dizer, de ir juntando elementos... que aparentemente... que... éh... que... do ponto de vista... estrutural... faz sentido, mas do ponto de vista semântico... é... é preciso algum esforço, entendeu? pra... quer dizer... é como aquela história do Chomsky das das... não-sei-o-quê coloridas
A: sim, colorless green ideas
S: exatamente... éh... então ele faz um po/... ele faz isso às vezes, o que eu acho... e faz isso nessa música, o que eu acho... éh... interessante, mas... éh... é porque agora eu não lembro exatamente qual é, mas depois... dá uma olhadinha... ele ele diz assim uma coisa como... éh... já no final mesmo... por exemplo, ele junta... ele jun/ ele sai juntando elementos que, se você for ler, não vai fazer sentido, entendeu?
A: sei
S: éh... se você for... ler a músi/ o o a letra assim... linearmente, ela não vai fazer nenhum sentido
A: uhm-hum... sim
S: aparentemente
A: ah, isso é interessante... mas éh... eu na verdade até... quer dizer, eu ouvi o álbum durante a semana, assim, a primeira vez... e não fiquei muito agradado... depois depois voltei a ouvir... e achei que... realmente tem músicas assim muito boas, como algumas dos hermanos... éh... só que, no geral, não acho um álbum tão bom... como o ventura...
S: quanto os que ele fez com os irmãos
A: mas, quer dizer, eu também não gosto tanto assim do 4... nem do...
S: ahn-hã... sim
A: quer dizer, eu acho que o bloco e o ventura... são realmente álbuns muito bons... são... mas o 4 já não acho tão... tão engraçado... mas isso, pronto... toda a gente achou o mesmo... menos tu... ha!
S: ahn-hã
A: mas eu eu eu a/
S: não, quer dizer, o meu álbum preferido é sem dúvida o ventura... mas eu gosto muito do 4 também
A: mas até eu... éh acho que também... êh... simpatizo mais com a voz do outro... do rodrigo... acho que sim
S: ah, sim? o... como é que é o nome dele? esqueci...
A: não é rodrigo?
S: é alguma coisa assim, não sei, não lembro
A: é
S: éh... mas ele também vai lançar um álbum rece/ agora, eu acho
A: é vai... é em inglês, e não-sei-quê
S: mas tu ficaste... intrigado com a imagem?
A: sim.. eu fiquei... ehehehe... eu fiquei um pouco, mas eu acho que... enfim, também tem... um bocado de... quer dizer, até tem um bocado a ver com o blog e com... a definição, não é?... por isso eu achei be/ bem
S: éh... é interessante a capa do disco, não é?
A: sim
S: por acaso era uma coisa que eu nunca/...
A: é... mas eu... eu já... eu já reparei que ele... que ele gosta de fazer umas coisas assim, mais... ele tinha um blog também... não viste o blog dele?
S: não
A: ele... ele tinha um blog e ele no blog... só... éh... punha coisas escritas à mão... ehehehe...
S: ah...
A: ou seja, ele... ele éh fazia coisas com máquina de escrever, ou em... em... pronto... com caneta
S: uhm-hum
A: e depois
S: e depois
A: passava no scanner pra pôr no... no blog.... ehehehe
S: ah, isso é interessante, pra quem gosta de escrever à mão
A: ahn-hã
S: tem gente que escreve, né? muito à mão ainda... que...
A: sim
S: éh... tu fazias, não é, isso?
A: sim, eu fazia, mas... éh... rapidamente
S: mudaste
A: passei a achar isso estúpido... ehehehe
S: eheheh... mas, assim, tem gente que tem essas inspirações assim e...
A: não, eu sei... eu até conheço pessoas que escrevem assim... ao invés de escreverem... correio eletrônico, continuam a escre/ fazem questão de escrever cartas à mão... assim
S: ahn-hã
A: bastante compridas
S: uhm-hum... tu já escreveste muitas cartas à mão?
A: sim, na altura eu escrevi algumas, mas eu eu rapidamente passei a escrever em computador... depois assinava... e depois deixei de escrever mesmo...
31/10/2008
***
From: Angelus
Subject: Tudo Passa
Date: 31 October 2008 19:55:22 GMT
To: Saavedra
Aí está uma das que acho mesmo mesmo boas, com uma letra absolutamente irrepreensível e uma estrutura bem angular, mas com tons bem familiares dos Hermanos:
eu você e todos os encontros casuais
os ais e os hão de ser
e todos os casais também
olha, acho até que quem achou que nunca ia
esse ia se espantar de ver que o ódio e o amor
e até eu vou pra ver no que vai dar
a massa a moça
e até esse pra sempre
tudo passa
***
A Tudo Passa, com aquela melodiazinha bem castiça no fim, deixa-me a pensar numa tarde de verão com um conjunto de rapazes já bem entrados na idade jovem, de boné e calções, no fundo de um prédio, olhando para cima, como se estivesse alguém a fotografá-los do alto.
01/11/2008, 01:26
12.04.2008
Nós
Aut(h)or: Angelus 1 co(m)ment(ário)s
12.03.2008
Camelo
O Marcelo Camelo é conhecido por sua estranheza, e é o seu irmão Thiago quem o atesta: "alcançar o universo dele é difícil." A verdade é que, de uma maneira ou de outra, somos todos peculiares. Uns mais que os outros, eu compreendo. Assim, por exemplo, já nos debruçamos os três, eu, a batukada e o angelus, sobre a questão: quem seria o mais estranho de um outro trio: o angelus, o honoré de balzac ou o saavedra? Eu apostava que seria o balzac. A batukada teria sugerido o angelus. O angelus, por sua vez, achava-me a mim o mais estranho de todos. Seremos então estranhos para diferentes pessoas por diferentes razões - e de estranho esta conclusão não tem nada, convenhamos.
A estranheza do Marcelo Camelo estaria em seu isolamento. Pois é, há pessoas que são necessariamente sós. Ou, para parafrasear o que escreve o irmão do Marcelo Camelo, há pessoas que circulam em universos impenetráveis. E não é porque queiram, não confiem, desconfiem, nada! É porque simplesmente falta-lhes desenvoltura para serem mais mundanas.
Para o Thiago Camelo, foi Sou, o primeiro disco solo do irmão, que o ajudou a atravessar o muro que os seperava. O certo é que o Marcelo Camelo apresenta-se amanhã, na noite da quinta para a sexta-feira, no Teatro Tivoli, em Lisboa. Para quem se interessa por outros mundos possíveis, e mora em Lisboa, eis um espetáculo imperdível.
Aut(h)or: Saavedra 0 co(m)ment(ário)s