4.27.2008

As Academias de Ginástica

Andamos todos ocupados. Eu não sei se a batukada leu a minha última matéria sobre academias de ginástica, casacos de gabardina e reprodutores de mp3. Ela de certo há de querer saber porque, afinal, aderi aos reprodutores de mp3, porque vou para a academia de ginástica: por quê? por quê?

Antes, gostava de saber da batukada, que é nossa amiga consultora da Língua Portuguesa, se há uma tradução apropriada para post. O Angelus arriscou posta. Mas isso, depois pensamos, não é de peixe? Seria talvez postagem? Postagem, eu acredito, é coisa dos correios. Mensagem. E mensagem? Mensagem não requer um recipiente? Quando escrevemos uma mensagem, supomos um endereçado. Já os blogs, estes, escrevem-se como se escreviam os diários - para ninguém ou para uns poucos à sorte. E artigo? O Angelus não gosta de artigo porque a palavra evoca-lhe o execrável jornalismo lusitano. Em PB, sugeri de cá, o termo em voga é matéria. Eu que nada tenho contra os jornalismo - porque nunca leio jornais ou revistas - concordei que matéria era uma palavra boa. Boa, mas sem o aval de nossa senhora mestra consultora da Língua Portuguesa não vamos pra frente.

Enquanto não se resolve essa pendenga lexical, voltemos às academias de ginástica. Na verdade, eu já havia ensaiado qualquer coisa acerca das academias de ginástica em minha última ***. Lá mesmo sugeri que o tema merecia um *** exclusivo.

Eu tenho uma hipótese acerca das academias de ginástica. Acredito que quem as frequenta o faz porque pensa lhe faltar algo. Aquela ali é pequenina; aquele é estúpido. Um outro é feio, duas não têm namorado. A academia servem-lhes para compensar tudo isso. Querem, ao final de três meses, dizer que podem ser estúpidos, mas estão em forma.

Reparem nos tipos que vão à academia de que sou membro. Um olha-se no espelho a cada set, como se os músculos fossem lhe aparecer por milagre. Outra concentra-se, fingindo naturalidade, naquele biceps. Aquele nos biceps daquel'outro. Tem o que apalpa a barriga na esperança de que a gordura sumira depois de quinze abdominais; há obviamente os que lutam disfarçadamente pelas esteiras sempre ocupadas. Homens fazem caretas e gemem; mulheres leem revistas e suam. A música, tum-tum-tum. Conheço um membro saradíssimo que, no intervalo entre um set e outro, vai para o vestiário comer bananas e tomar uma mistura aí muito suspeita. E o cheiro nos vestiários, meus amigos? Bem, há o que se diga do cheiro nos vestiários.

Eu espero, muito francamente, que saiamos satisfeitos e recompensados, se é que há alguma verdade em minha hipótese. Claro está: como toda hipótese, esta precisa ser testada, avaliada e replicada em laboratório. Não sei o que dizem os sociólogos a respeito das academias de ginástica, nem se o Darcy Ribeiro terá escrito alguma dissertação a respeito. Eu não me animo em buscar explicação aos psicólogos, porque esses não entendem de nada. Os gregos entendiam de alguma coisa, sobretudo de músculos e da importância estética que têm. Eu cá para mim tenho a impressão de que os gregos é que são culpados por isso tudo, embora a minha irmã insista que a culpa caia sobre a Jane Fonda e os anos oitenta.

Não sei o que pensará a batukada, nem tenho respostas paras as suas possíveis perguntas. Meu posicionamento em relação a tudo isso é que às vezes há mais vantagem em pôr de volta os fones de ouvido e esquecer a sensatez.

1 comentário:

Anónimo disse...

para falar do cheiro do vestiario fico imaginando qual seria o tipo de academia que vc é membro.