E toca os bongôs. Está na batucada. Um ano a tocar batucadas. O papel nunca mais se desfaz na boca. Ou já se desfez? Ainda haverá alguma figura aí? Os bongós não estão afinados. Meias azuis como a camisola e mãos muito brancas tocam os bongós. A percussão e as ondas. O sítio talvez fosse o mais apropriado se não fosse pelo cheiro. Que cheiro esquisito é esse? Então e quando vem o mar e entra aqui nos abrigos? Abrigos abandonados, tal como queríamos. Exatamente como estávamos a procurar. E às seis, ao pôr-do-sol vai talvez ser o pico. Ruivo. Uns pássaros sobrevoam o mar e não são Jesus Cristo. Não. Nem as máquinas. Há cinco fotos ainda por tirar na minha máquina normal. Não sei quantas fotos é que a digital há de abarcar. Serão trezentas? Sempre digo trezentas para que todos fiquem impressionados, como a ucraniana no trem de Nantes para Paris. Um senhor alentejano passa adiante, chapéu de chuva à mão, boina na cabeça, olhando o mar. Que faz um senhor alantejano a essas horas ao pé do mar? Tiago deita-se nos papelões. Desistiu dos bangós. Contempla o mar, os braços cruzados. Ainda há figura. E ri. Por que será que ri? Ri por alguma razão? São os exercícios militares, Tiago conclui. E olha adiante. Agora levanta. Olha através da porta. O mar. Ri. Do que se ri? Da situação? Há de haver graça na situação? Uma situação que há de ficar para sempre na memória dos bongós.
11.11.2009
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